quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Não fique em frente ao meu túmulo e chore.

"Não fique em frente ao meu túmulo e chore.
Eu não estou lá;eu morri.
Eu sou mil ventos que sopram.
Eu sol diamantes refletidos na neve.
Eu sou a luz sobre grãos maduros.
Eu sou a chuva suave de outono.
Quando você acordar no silêncio da manhã,
eu sou a corrida rápida na subida de pássaros tranquilos em círculo de vôo.
Eu sou as estrelas suaves que brilham de noite.
Não fique em frente do meu túmulo e chore.
Eu não estou lá.
Eu não morri."

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Abyssus Abyssum Invocat


Ela se jogou no abismo dos braços dele.
Encontrou-se.
Ele se jogou no abismo dos braços dela.
Perdeu-se.
Os abismos reconheceram-se.
Reencontraram-se.

Para William


Um brinde à sobriedade:fique como a verdade.

Para Mariza

A peça certa

Irei pra onde o sol nunca se põe.
Onde a lua sempre brilha.
como olhos marejados que se lembram da família.


Guardarei meu cinismo pra dias de alegria.
Serei meu próprio abismo mergulhado em letargia.
Pois a tristeza é o lirismo de um amor sem garantias.
Quero novos privilégios e antigas regalias.   

A ponta

No primeiro gole se sentiu virgem.
Na primeira vez se sentiu tonta.
O que seus olhos dizem,
é metade do que conta.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O seu submundo


Numa dessas noites vagueei além do habitual. Procurei pelo seu submundo, pois sei que do seu mundo convencional não faço parte. Nele me encontrei. Descobri que conhecia o roteiro e, infelizmente, me reconheci como uma mera cenografia.
Vieram várias trilhas sonoras em minha mente. Foi como se o seu submundo se embalasse através de músicas que ouço repetidamente. Então de uma simples cenografia me promovi à diretora. Eu quis poder ditar o itinerário dos seus passos. Desejei que eles deixassem de ser óbvios. Empolguei-me e imaginei-me dirigindo a sua vida. Dessa forma, eu poderia tentar enquadrar a sua fisionomia de encontro com a minha. Eu forjaria um lindo jogo de luzes.
Até pensei que todo o meu anseio pudesse ser passado através de um filme de cinema mudo. Só que ao invés da sua expressão, o que aparecia seria o meu reflexo sobre a lente da câmera, sombreando o enquadramento de uma ficção por demais tardia. Ao invés de ser uma pretensiosa diretora, melhor seria que eu fosse uma dublê que evitasse todas as nossas feridas.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Esboço de uma reflexão


Esta semana teimei com uma palavra: incondicional. Tentei desmembrá-la ao pensar na sua formação morfológica (não tive muitas pistas). Depois cismei de associá-la a um sentimento que sempre segue o seu rastro: o amor. Senti-me previsível, até me veio em mente a possibilidade de versar sobre mais do mesmo. Não me contive e continuei a pensar sobre tal palavra. O foda foi que não consegui esquecer da palavra amor. Parecia um sinônimo. Então resolvi não separá-las pois percebi que ambas, de fato, costumam dar-se as mãos. Esqueci-me de dizer que recorri ao dicionário buscando algum sentido figurado (e talvez mais bonito) da palavra “incondicional”, não o encontrei. O que restou foi o óbvio; apenas relembrei-me que o que é incondicional não depende de condições. Encucada, refleti sobre o que seriam as tais “condições” e de novo tropecei na palavra amor. O amor simplesmente acontece, nos atropela, não se restringe e nos faz sentir um misto de alegria e dor, prazer e sofrimento (isso depende do tipo de amor, é claro). Não há condição capaz de proteger nosso peito, de nos fazer recuar perante até mesmo o que não é possível. Quando amamos, às vezes até mesmo a dor se torna flexível. A razão se transporta não sei pra onde. E aquele palpitar forte no peito nos aflige incondicionalmente...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ex-donismo


Poupe-me da sua indecisão.
Distancie de mim a sua mão.
Absolva-me do seu vício.
Favor não deixar nenhum resquício.
Esqueça que um dia fui sua.
Aceite a verdade, nua e crua.
Entorpeça-se com o que puder.
Não estarei mais aqui pro que der e vier.
As cartas já estão distorcidas.
Todas as combinações foram vencidas.


A causa certa

Matei um presidente como se fosse água.
Fiquei meio contente,mas ainda cheio de mágoa.
Cheio de dor em meu peito
e prum cara que fuma isso é só mais um defeito.

Mesmo feliz não consigo disfarçar minha tristeza.
Ontem à noite tive medo,de manha tive certeza.
Deixei as luzes acessas,só as apaguei pra machucar o peito.
Enchi o quarto de velas pra poder pensar direito.

Se precisa de favores,não exite,peça a outro.
Estou muito ocupado tendo auto-piedade.
Se espera não sentir a causa certa da tristeza.
Não procure pela felicidade.

Só acredito em você quando estamos frente à frente.
Quando vejo em seus olhos algo muito diferente.
Um brilho distante,resultante da verdade.
Tem coisa mais excitante pra alguém da minha idade?  

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Brancos cabelos

Deveria ter deixado esse mundo
no exato momento em que senti seu verdadeiro cheiro.
Ele me usa e me trata como um novelo nas garras de um gato.
Como um modelo nas farras em que me farto.


Que sumam meus brancos cabelos.
Agora é o Ravell quem quer revê-lo.


Irei Te visitar,talvez eu permaneça.
Chego no fim do ano,caso nada de bom me aconteça.
Deixarei poucas coisas para trás,
das quais sentirei uma imensa saudade.


Como se fosse a primeira vez,
mas sabemos que não é verdade.