domingo, 29 de janeiro de 2012

Segundo pleno

Meus olhos estão ávidos por prazer.
Se procurasse por dor,leria você.
Cada mudança em sua expressão.
Que dá vazão à cada feição de culpa.
Pois no fervor de cada oração,
você ainda é minha...


Luta pra dizer não.
Mas não,não quer dizer.
Entre beijos e palavrões você quer permanecer.


 Olhei em seus olhos e me distrai com o teto.
Quando voltei vi seus olhos quietos.
Na iminência do que nos torna infinito.
E por alguns segundos plenos.

sábado, 28 de janeiro de 2012

In absentia


Procurar o doce e sentir o amargo.

Querer estar ao lado e sentir o abandono.

Sentir-se ferido no peito por um dardo.

Abrir os olhos e procurar o sono.

Encontrar no vazio um sentido oco.

Guardar na pele o muito do pouco.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Na verdade

Os anos vão passando.As cartas estão na mesa.
Se termino uma relação não é nenhuma surpresa.
Certezas eu não tenho,apesar da minha idade.
Ver as coisas como elas são não consiste na verdade.

Não escute o que digo.
Poisa o ato de duvidar é seu melhor amigo.
Ele te mostra a luz,o caminho e a pedra.
E você segue sozinho excedendo a regra.


Me alegra o coração saber que eu não sei de nada.
Não tenho metade do que há dez anos atrás eu sonhava.
Esperava ser tudo que não sou,isso é só pra constar.
Mas não tenho medo do que o futuro vai me reservar.


Como tudo em minha vida achei que isso fosse passar.
A solução eu sempre espero vir,nunca vou buscar.
E a julgar por minha nativa e notória preguiça.
Não há lugar aonde minha vontade persista.

Mais um ser vivo

Não há outro mundo além desse.
Não há outra vida além dessa.
A cada vida que fenece,
dá-se início uma conversa melosa.
Com troca amorosa ou não de fluídos.
Que resultará ou não em mais um ser vivo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A FRAQUEZA


A fraqueza entrou sem pedir licença. Deu um gole no meu vinho e um trago no meu cigarro. Reclamou por ambos serem baratos.

A fraqueza se deitou em minha cama, assombrou até mesmo os meus sonhos. Roubou o que restava quando a realidade se encontrava ausente.

A fraqueza se apoiou em meu corpo, em minhas pernas bambas. Olhou para os meus pés calejados e deu um sorriso.

A fraqueza se vestiu com a sua roupa mais bonita para me acompanhar. Lembrou-me que até mesmo o que não é belo com facilidade se disfarça, se perfuma.

A fraqueza olhou-me nos olhos, tocou-me no rosto, abraçou-me. Quando me deitei em seus braços, selou-me com o beijo da morte.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Sobre o que eu não disse


Repouso os meus olhos sobre o teu corpo.
Projeto os meus sonhos alinhados em teu rosto.
Ao tocar os meus lábios relembro o teu gosto.
Ora amargo,
Ora doce,
Mas sempre anestesiado em mim.
Marcado em mim.
Como uma tatuagem.
Cujas cores, de tão ávidas,
aparecem e somem.

JARFNAELL

Que bom seria se para mim você olhasse.
E visse o que vejo quando toco sua face.
Quando pressinto aproximar o seu abraço
que desfaz a minha dor como se desfizesse um laço.


Hão de ser em vão todos os meus argumentos.
E eles vão povoar os meus tormentos.
Pois o vão entre as minhas mãos nunca será preenchido
por um rosto ,um corpo,uma alma,um sentido.


Danço com o mundo,não tenho para quem voltar.
Eu te divirto mas te canso,já é hora de parar.
A vida é cruel queria que ela não fosse.
Pra quem não provou do fel,o mel não é tão doce. 


Eu respiro tudo que dá sentido a essa vida.
Sempre bebo e às vezes danço quando a morte me convida.
Em seus olhos ainda não me vejo,nem meu olhar castanho.
Quase tudo que desejo não me é estranho. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um do outro

Já experimentei vários alteradores de realidade.
Menos amor recíproco.
Não está à venda,é quase mítico.
Um contrato nem verbal nem escrito
onde fica implícito a dependência um do outro. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A dois


Preferida para o que for proibido.
Preterida para o que for consentido.
A lágrima que desce é sempre a mesma.
Desculpe, hoje não serei a sobremesa.
A culpa que sobra nunca foi sua.
Mas os seus olhos ainda me deixam nua.
A embriaguez às vezes me dói.
Confesso, até hoje ela me corrói.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os amantes


Dê mais um gole e sinta o meu gosto.
Cerre os seus olhos e veja o meu rosto.
Dê mais um trago e afague os meus braços.
Espere que o instante construa nossos laços.
Saia sem rumo em meio à multidão.
Projete sobre ela a sua ingratidão.
Dê meia volta e vá embora pra casa.
O caminho é longo, mas a nossa cova é rasa.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ver e ficar

Minha alma você não viu
nem mesmo em pensamento.
Sua dor é minha dor,
seu amor é meu tormento.

Diante do meu encanto concentrado num momento.
Vou derramar meu pranto num instante de talento.

Veio verificar se ainda te amo?
Não vou ver e ficar para sempre te esperando.
Antes que seja tarde te canto o que tenho escrito.
Você finge que é verdade,eu finjo que acredito.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O passado

Mais um fim de semana que da noite glorioso emana
e termina sem sentido definido em minha cama.
Depois de um tempo incubado,meu cinismo está de volta.
junto com meu pessimismo e revolta.


A felicidade é a pior coisa do mundo.
a tive por um mês,a perdi em um segundo.
Andei por aí,fiz o que queria.
Conheci várias pessoas,uma à cada dia.


Queria sentir algo,ontem à noite me cortei.
Depois que vi o saldo nem eu mesmo me importei.
  
O cigarro deu novo tom aos meus dedos
Seu olhar me deu um pouco de medo.
Pensei que era sul,mas na verdade era norte.
Era sol e ao sol me sinto forte.


O dia abriu o seu olhar nublado e espia minha insônia morrer.
Me guia com cuidado prum lugar onde só existe eu  e você.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Eu tenho o mundo e um revólver nas mãos.

Eu me conheço muito bem pra não me amar.
Sou um pacifista armado à lutar.
Um idealista à gananciar.
Um moralista drogado e sem lar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Os absurdos que significamos


O que sentimos, fazemos de forma tão primária
que tentamos encaixar em palavras.
Como se essas preenchessem os vazios que temos em nós.
Como se essas exorcizassem os demônios que nos habitam.
Como se essas pudessem expressar o que não dominamos e
nem, tampouco, entendemos.
Apenas sentimos.
As palavras põem o mundo em nós, e nos põem no mundo.
Não sei se a troca é justa.
Há dias em que o mundo entra em transe e nos deixa de lado.
Há também palavras que se maquiam, transformam-se em outras palavras.
Camuflam-se.
Mais enigmática do que a palavra amor, só a palavra saudade:
Bruta como ela só, não há tradução que a lapide.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O signo dos absurdos

O amor é só a expressão da dor que se sente.
Se apaixonar é ficar meio doente.
Mas se segue em frente.Entre o sim e o não.
Será diferente a sua próxima paixão?


Acho que não.Será do mesmo jeito.
Com a mesma dor latente no seu peito.
Aí você se acha capaz.Acha tudo possível.
O que antes parecia absurdo,agora se torna plausível.


Digno de reflexão,ou não.
A dor é o amor em personificação. 

Em seu jardim

Nossas almas são iguais,isso é o que nos une.
Somos sexo e amor.Peixes sem cardume.
Seu perfume é como a dor,apenas me adoça.
Se o espírito é de Deus,a carne é nossa.

Somente nossa.Nossa somente.
Talvez agora eu possa plantar a semente da vida em seu jardim.
Teremos flores bonitas se não saírem à mim.

Sem o fel o mel não é tão doce

Eu tenho a mim,já quis você.Estou a fim de me perder.
E é assim que me conheço.Terei o fim que mereço?
Me pareço com quem não quero.Um começo espero ter.
Um dia eu já fui sincero,mas hoje não ouso ser. 


De um jeito engraçado dor é só ilusão.
Boa parte dessa vida é vazia e sem razão.
Ainda tenho em meus olhos vestígios de afeição.
Minha mente está em transe.Como está meu coração?


Estou deitado em minha cama pensando a próxima semana.
Em quem eu amo,em quem não me ama.E só faço jus a minha fama.


Não consigo parar sem motivação.
Perdi várias coisas inclusive a razão.
E a hora certa foi a maior surpresa 
Pois foi dez minutos antes da certeza.


Na solidão de Agosto meu rosto não é dos melhores.
Mas melhora ao te ver.
Detesto quem consegue fácil o que eu luto para ter.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

De profundis



Percalços descalços da memória

alterados pelo medo e pela culpa.

Pesadelos que sonhamos acordados.

Consciência perturbada.

A hora está marcada.

A rota está traçada.

Não estarei presente

no dia do juízo final.


“De profundis, clamabo ad te, domine.”