terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Talvez tal voz ouvida esteja fadada a amar sem nunca ser amada.
O violão violou os ouvidos de quem não vai voltar.
Muito agradecido eu decido não tocar o hino.
Nem dobrar o sino.
Acendi um fino,foi sumindo pelo ar.
Não assino o que ensino.
Assassino devagar dias que nascem chorando lágrimas pesadas.
Levam minha calma e não deixam minha alma lavada.


Estou em extinção de todo desejo e paixão.
Pois a adoração e um velho conceito cristão.

Questions or answers?


Mystery and poetry.
Feelings and sufferings.
Cures and diseases.
Hidden and forgotten
inside of us.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Espectro

 

Eu não precisaria da sorte
Se os olhos não fossem um labirinto.
Eu não precisaria de escudos
Se os seus olhos não atirassem flechas.
Eu não precisaria esquecer
Se os seus olhos desencarnassem as minhas lembranças.
Eu não precisaria da luz
Se os seus olhos não fossem tão escuros.
Eu não precisaria fechar as minhas pálpebras
Se os seus olhos olhassem de verdade para mim.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A bela




Ela desvelou o que tinha de mais bonito.

Vislumbrada de longe parecia algo infinito.

Até que sua sombra amalgamou-se à outra sombra.

Dançaram.

Beberam.

Olharam-se.

Não sei se o choro final foi dela ou seu.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A fera

Você a procurou de várias formas.
Tentou inúmeros encontros.
Ainda não era a hora.
Não estava pronto.


Mas quando entrar de férias
e a fera que você libertou adormecer.
Não restará mais nada.
Mais nada à fazer.


Vocês dançaram sob o luar.
Beberam o néctar do paraíso.
E quando ela trouxe outra,
só você perdeu o juízo. 

Tem?

Queria viver o suficiente pra não fazer falta à ninguém.
Mas morrer sozinho não tem graça.
Tem?


Posso viver mais dez anos ou cem
sem saber o real motivo da minha existência.
Da ascenção que há tempos tive.
Da decadência em que me encontro.
Ou porque meu corpo vive
em constante contra-ponto à minha mente.


Num mês quente,de dias massantes.
Pensei em algo que nunca pensara antes.
Preciso voar baixo pra conseguir o meu melhor?
Se descer mais um pouco chego próximo do pó ao qual voltarei.  

Mas sua alma não

A lua caminha pelo céu insistentemente brilhante.
E no instante em que ela se despede inicia-se meu tormento
Tão rápido é o tempo
quando se está inoperante.

À cerca de um momento eu caía no sono.
Fumava meu último cigarro,disso me lembro.
Enquanto descansava meus fadigados membros
ouvia Hendrix cantar sobre dor e abandono.

É disso que somos feitos.
Capazes de todos os males e de todos eles passíveis.
Que todos os contentamentos sejam possíveis
e que à minha tristeza nada se iguale.

Me fale da distância até a lua.
Se cale e fique como a verdade
na sua melhor definição.
Entregue em minhas mãos esse corpo pelo qual padeço.
Mas sua alma não,isso eu já não mereço.

Surpreende-me o instinto de sobrevivência

Surpreende-me o instinto de sobrevivência

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A tristeza

A atriz,tesa,de tez trêmula.Via a tristeza como seu maior problema.O texto trazido à tona no topo de um tablado,tornou a vida torpe e transviado o mundo.E a crença num só Deus apenas o pano de fundo para a tristeza da atriz tesa.Outrora feliz e surpresa.Agora de tez trêmula.Pois o fato de estar triste tornou-se realmente seu maior problema.Um emblema estampado em seu rosto,em sua alma refletido.O que lhe rendia trágicos papéis ao invés dos divertidos.Motivo esse que a fazia vender tristeza e tentar comprar alegria.E comprava com seu olhar turquesa,os sorrisos destinados à sua beleza,não à sua atuação.Mas com firmeza ela seguia e não se aborrecia.Aprendeu a aceitar o que a vida lhe oferecia.E a dobrar o que era aceito.À respeito de várias coisas um pouco ela sabia.Não sabia cozinhar,mas água ela fervia.Para ela isso era irrelevante.Nunca quis ser esposa,mas era ótima amante.Bebidas destiladas eram o que lhe apetecia.O fato do álcool em sua boca tornar-      se uma ambrosia  mas lhe render homéricas ressacas.A fez perceber que um copo é muito,pouco é uma só garrafa.Fora do teatro ia sempre ao mesmo bar que ao mesmo tempo era seu juiz e seu algoz.Um dia reclamou não ter lugar para se sentar e eu parafraseei sem pensar:"atrás há três atriz atroz.Ela achou aquilo divinamente ultrajante,ridiculamente genial.E eu que até então era o anexo me tornei o prédio principal.Assim ela me tinha na palma da mão.Poderia machucar meu coração ou fazer com que eu machucasse meu fígado.Até o dia em que me achasse digno do seu amor,merecedor do seu sexo.Então deixei de ser o prédio principal e voltei a ser o anexo.

O despertar


Às 01:30 ela já sabia que os seus planos tinham ido por água abaixo. Sentia na pele um arrepio diferente, talvez uma mistura de frustração e inquietação. Resolveu ir pra casa, encarou o frio da noite e seguiu em frente. No meio do caminho deparou-se com um embrulho, tão disforme quanto a sua consciência. Pensou em abri-lo, porém, conteve os seus passos.
Sentou na calçada e acendeu o seu último cigarro. Deu um trago e soltou o seu último suspiro, tirou da bolsa a arma que arrumara emprestada. Reelaborou o seu plano.
Chegou em casa às 03:45, encerrou a garrafa de um uísque barato, tomou um banho, vestiu o seu pijama. Leu uns versos de Drummond, escutou um pouco de música. Chorou por não tê-lo encontrado, decidiu partir sem ele.
Sentou no parapeito da janela, olhou para a lua e percebeu que o seu brilho a intimidava. Não deixou que essa visse a sua última lágrima, inclinou a cabeça para baixo.Disparou.Seu corpo ainda figura entre as flores na varanda.

Ela tinha uma dor no peito

Uma lágrima perdida no olhar

Um sorriso mais que suspeito

Medo do desejo de amar

O que não sei


Às vezes penso no que fazer da vida.
Mas desde quando a vida se pauta no que pretendemos fazer?
Às vezes me questiono se o amor realmente existe.
Sei que não sou fonte confiável sobre o assunto.
O que fazer quando tudo se torna dúvida?
Inclusive o que se acha que é certo!
Tenho um medo extremo dos possíveis significados de certas palavras.
O que seria de mim sem um ponto de interrogação?
Ou sem a liberdade das reticências...
Às vezes sou sujeito sem verbo, sem predicado.
Às vezes sou predicado sem sujeito,
Andarilha perdida entre as estruturas.

Esse dia

Oh morte,grande amiga constante.
Justamente nesse instante pensei em você.
Oh morte companheira de uma vida.
Sei que já duvida mas prefiro não te ver.


Num dia normal eu teria medo.
De um jeito formal te aceitaria.
Mas posso te contar um segredo?
Hoje não é esse dia!!!!!

Causa Mortis

Entre riscos e rabiscos.
Vícios e resquícios.
O dito pelo não dito.
Trôpego perco o folêgo.
Devasso. Avassalador.
Incolor. Inodoro.
Mas não Indolor.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

No sétimo

Quando algo passar por você;
e você nem fizer menção de se mexer.
É porque estará em outra dimensão.
Onde nem mesmo o amor por uma mulher machucará seu coração.


Rios de tangerina nascerão ao seu comando.
Apenas imagina e num segundo estará voando.
Estará livre como sempre deveria ter estado.
E entre uma e outra lua vive quem à esmo havia te testado.


Não cometerá pecados,será puro.
E a luz que havia te cegado mostrará que o futuro não existe.
Lá o tempo nunca é contado.
Salvo os dias em que se cria um mundo
e no sétimo,por decreto,é feriado.  

Menos amor

Não consigo dormir,isso é o de menos.
Não precisa fugir,nunca seremos
pequenos aos olhos de Deus ou dessa vida.
Então siga seu caminho eu não vou logo em seguida.


Você estava certa,sempre teve razão.
o sexo expressa qualquer emoção.
Seja ela qual for.
Qualquer emoção,menos amor.


A vida é efêmera demais para se apegar.
Me diz quem é capaz de se controlar.
Cada um pensa de um jeito,me importo com tudo que penso.
Guardado no meu peito está tudo à que estou propenso.


Talvez um dia isso que sinto
me faça crescer dez anos em cinco.
Mas pra você não é nenhum segredo.
Se o vinho está quente,use seus dedos


Temos vidas diferentes em sentidos uniformes.
E um desejo inerente sobre a hora em que se morre.
Minha grande obra é só uma mal feita manobra
para conquistar  mulheres por quem me apaixono.
As que "como" nunca destino uma linha.
No máximo uma nota de dez e por dez minutos são minhas.


Pois assim caminha o mundo.Tudo é movido à dinheiro.
Do mais puro amor até uma foda num puteiro.
Se não paga na entrada,paga na saída.
E nesse entra e sai eu deixo parte da minha vida.


No meio de um par de pernas.
E só nesse meio minha dor se externa por um instante.
Que chega  a ser insignificante.


Adentro à túneis várias vezes antes navegados.
Que me levam por caminhos amargurados.
Rios agrestes me secam as veias.
Pecados me abrem os seus braços.
E a vida que me permeia está traduzida no chão do meu quarto.


Prefiro o meu antigo eu à meu atual retrato.
De fato,uma tristeza de cada vez alegra minha alma.
E entre as pontas transmutadas dos meus dedos
seguro a única coisa que me acalma. 











A uma dança

Só tive problemas com dois tipos de drogas.
De todas as menos ilícitas.
Um dia gritei que se fôda
e me fodi com a polícia.


E foi assim que conheci um "Veloso" e não era o caetano.
Conheci um distrito e não era o Federal.
Talvez eu deva mudar meus planos,
ser uma cara normal pra viver mais alguns anos.


Minha felicidade está afogada num copo de vodka.
Numa tentativa módica e furtiva de dar um jeito na minha vida.


A grande verdade é pura,simples,uma só.
Do barro nos viemos e iremos ao pó.
Ou qualquer coisa que o valha.
Pro céu se for bonzinho,pro inferno ser for canalha.


Ouvi histórias em sofrimento renascerem em glória.
Outrora grandes momentos,
agora apenas lembranças.
Que cedem o seu lugar como quem cede a uma dança.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A qualquer pessoa

Não sei por que o desejo de morrer te cai tão bem.
Mas qualquer prazer te faz mudar de opinião.
Às vezes o que pensa ou o que quer dizer.
Passa bem longe da razão.


Pensa em sair mais cedo ou em ficar demais.
O que te dá medo também te deixa em paz.
Faz um tempo que precisa de um pouco de tudo,um pouco de sexo.
E sobretudo,romances sem nexo.


Acaba de descobrir nesse exato instante
que não vale à pena discutir por coisas insignificantes
Diante desse ponto de vista é uma pessoa malquista em vários lugares.
Por mais que insista pertence aos bares.


A única luz que vê é a mesma que quase te mata.
Vive entre o mofo do seu quarto e bebidas baratas.
Você já não sente ódio mas duvida que a vida seja boa.
Não há nada que te prenda a esse mundo ou a qualquer pessoa.

Se fudeu!!!!

Peguei uma reta pro horizonte

Peguei uma reta pro horizonte.
Deixei apenas minha dor.
Só disse obrigado,me desculpe e por favor.

Enchi uma bolsa com o que tinha de feliz.
Um Augusto dos Anjos,dois Machado de Assis.
Lembranças amorosas,também sexuais.
Um violão faltando cordas,brancas camisas iguais.

Trezentos reais em notas dez.
Na minha cabeça uma música.
Uma foto amassada da primeira e última.

Dediquei todo meu esforço em sua presença.
Ela foi o último esboço de inocência que eu tive.
Depois disso fui vazio.
Tão vazio que fui livre.

Estive em vários corpos,mas nunca me perdi.
Às vezes quis gritar,mas apenas sorri.
Estava morto ao sol nascente,enganava a luz do dia.
Vivo ao sol poente em condizente alegria.

Filhos do Dono

É triste,às vezes é até cruel.
Não perco a oportunidade de um dia voltar para o céu.
Não é de lá que nós viemos?
Mesmo que alguns pareçam ser filhos do demo.

Eu temo poder mais do que eu penso.
Certamente penso mais do que posso.
E quando dou umaolhada no que temos,
vejo que nada disso é nosso.

Então arrumo uma desculpa pra comprar o que me mata.
E mato meu desejo da forma mais barata.
Sem causar-me nenhum dano ou arranhão.
Nenhuma ruga em minha expressão.

É cruel,ás vezes até triste.
Não descarto a possibilidade que céu existe.
Não é de lá que nos somos?
Mesmo que alguns pareçam não ser filhos do Dono.

Bold

Minha lista de amantes é tão extensa
quanto a vida que me é propensa.
Se um dia fizer diferença,
sou exatamente o que você pensa.

Um

Tenho tanto sono quanto inspiração.
Não tenho vocação pro abandono,
nem abandono minha vocação.

É claro

Acho que você gosta de ser assim.
Bondosamente ruim.
Rancorosamente divertido.
Só pra esconder seu lado auto-destrutivo.
Você reza pra não ser atendido.
Gasta pra não juntar.
Ama pra não ser correspondido.
Vive pra se matar.
Aos poucos é claro.
A vida não é mesmo um momento raro?